sexta-feira, 9 de março de 2012

"Vamos tomar banho na casa do reitor"


Na noite de 7 de março, durante a semana de integração dos calouros da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, cerca de 100 estudantes protestaram pela falta de água nos alojamentos masculinos ao som de uma marchinha com os dizeres "vamos tomar banho na casa do reitor". O problema vem ocorrendo há semanas e a Administração Superior da universidade não deu total importância ao problema até o momento do protesto em frente à casa do reitor, localizada dentro do campus Seropédica.

Poderia faltar funcionários da limpeza ou vidros nas janelas, mas faltar água por várias semanas, sem que os usuários consigam realizar suas necessidades básicas, é um tiro em um dos direitos universais.

Ricardo Motta Miranda, reitor da UFRRJ, respondeu ao protesto e afirmou que só teve conhecimento do caso no momento em que os estudantes foram até sua casa, provando a invalidez da administração superior da universidade. Ele mesmo consentiu o trabalho extremamente falho de sua equipe e propôs:


— Não me poupem. Liguem para meu celular e me comuniquem  de qualquer problema.

A solidariedade do reitor foi recebida como um discurso político pelos estudantes, o que serviu para mostrar novamente que não existe uma comunicação de sucesso entre as instâncias administrativas da universidade. Visto isso, qualquer estudante está liberado para fazer uma ligação para Miranda ao invés de passar por todo o processo burocrático para ser ouvido por ele. 

No placar até o momento: Estudantes 1x0 Administração Superior (não vamos esquecer de ligar para o reitor às 22h quando formos quase vítimas de estupro nas ruas mal-iluminadas da Rural).

Durante a conversa com o magnífico, foi feito um convite. O estudante Thiago Ferreira, membro do DCE, sugeriu que Miranda fosse até o alojamento conferir de perto os problemas que os estudantes enfrentam, que chegam até mesmo no emblemático Departamento de Geociências, conhecido como o "far far away" da UFRRJ, mas que cortam o caminho da reitoria e não passam nem perto.

— É, não tem água — confere Miranda quando abre os chuveiros de um dos alojamentos masculinos.

Placar até o momento: Estudantes 2x0 Administração Superior

Ricardo Motta Miranda, reitor da UFRRJ, constata a falta de 
água nos alojamentos masculinos

— Zuza, eu preciso dar um prazo para os estudantes. Amanhã de manhã tem como encontrar o problema na tubulação e arrumar?

— Sim, Ricardo. Amanhã, às 8h, eu venho aqui —, prometeu o funcionário da manutenção que, segundo o próprio reitor, há anos o já senhor de idade Zuza concerta problemas como este na Rural.

Hoje é dia 9 de março, 14h10. Depois de quase dois dias após o protesto, segundo o estudante Thiago Ferreira, morador do alojamento, a água parece que está começando a voltar. Os calouros que ainda não conseguiram tomar banho no alojamento que mais recebe gente de todo o Brasil, já podem garantir seu primeiro banho na UFRRJ antes que a água acabe novamente.

Você pode acessar todas as fotos do protesto clicando aqui.