quinta-feira, 27 de outubro de 2011

E a confiança, onde fica?

Um conto para refletir nossas lutas íntimas

A "Comunicar!", Semana de Comunicação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), terminou e o alívio recaiu sobre meus ombros. No início de outubro, a coordenadora do curso de Jornalismo, Simone Orlando, atribui-me uma tarefa para a semana acadêmica: divulgação.

"Será que vou conseguir?"
O primeiro trabalho que eu deveria apresentar seria o cartaz do evento. O momento de criar estes tipos de mídias é quase um ato religioso. Você se abre para receber ideias do "além", mas a única frase que martela em sua mente necessitada de inspiração é "será que vou conseguir fazer?". A falta de autoconfiabilidade emerge do lado negro do psíquico e o torna incapaz de acreditar que algo bom pode sair de você. Reconheço que duvido de mim mesmo.

O primeiro passo do trabalho é organizar as ideias. "Será que deve ser colorido ou clean? Será que deve conter imagens ou trabalhar o texto de maneira harmoniosa? ... ".

Significado de Calma no Dicionário online de Português. O que é calma: s.f. Ausência de agitação; tranquilidade: a calma do mar; conservar a calma. 

Esta palavra não faz parte do processo de criação, mas deveria. O desespero chega perto, dá três batidinhas na porta da cabeça e diz: "E aí, vai fazer alguma coisa legal ou vai ficar puxando forças do além até darem o serviço para outra pessoa?". 

Começa, então, uma conversa comigo mesmo. 

"Não, eu sou capaz, ok? Se a professora me passou esta tarefa, é porque ela acredita em mim". "Ah, é mesmo? Ou ela passou a tarefa para você porque você sempre faz estas coisas?". "Desespero, favor se retirar. Não tenho tempo para você neste momento. Tenho muito trabalho! Ah, não se esqueça de mandar lembranças para sua prima 'Baixo-estima' e dizer que minha amiga 'Inspiração' é mais conveniente. Passar bem".


O segundo passo é jogar as ideias no programa de desenho vetorial. Começo a criar a logo do evento. Queria uma imagem bacana e que qualquer pessoa identificasse o evento só vendo seu símbolo. Chego em um resultado. Visto a capa da democracia e coloco no grupo acadêmico de Jornalismo no facebook duas ideias que tive para a logo. Começam as críticas...

Primeiras ideias da logo "Comunicar!"

Os estudantes gostaram, mas sempre faziam alguma observação. "Não gostei das cores, está muito Brasil", "não gostei da escrita de dentro do balão"... Mas, algo também me incomodava. Comecei a trabalhar em uma outra ideia e surgiu uma nova logo:

Logo aprovada para a Semana de Comunicação

A imagem foi aceita pela maioria dos alunos, aprovada pela professora Simone e opinada pelo professor de Design Francisco Valle. Ele só mandou eu ajustar uma coisinha ali, outro espaço aqui que ficaria ótimo.

O terceiro passo era criar o cartaz. Todas as informações do evento foram repassadas para o programa. No processo, retiro o que não quero, deixo o que acho que vai ficar bom. Coloco umas formas geométricas, dou cor à elas. O cartaz começa a tomar forma e uma palavrinha vem surgindo no fundo de minha mente: capacidade. Neste momento, sinto um beijo da coleguinha "Autoconfiança" no rosto e vem uma sensação de mais intimidade com o trabalho. Consigo terminar o cartaz:

Clique na imagem para ampliá-la

Achei moderno e leve. Fiquei feliz pelo trabalho concluído e logo levei-o a professora Simone para ela aprovar. "Hmm, não está bom. Não está impactante, ainda não é aquilo que estou pensando. Mas está ficando bom... você é ótimo!". Ainda quer saber como eu me senti?

Igual a um cãozinho que volta para casa com o rabinho entre as pernas, voltei e sentei na frente do computador.

"Eu disse que você não ia conseguir. Está vendo, você não é capaz!". "Eu sei, Desespero. Por mais que falem que tenho capacidade, eu não acredito." "Minha prima Baixo-estima quer fazer fazer uma visita; ela acha que sua amiga Inspiração não está nem aí para você". "Inspiração? Ela é minha amiga sim e eu preciso dela. Tchau, Baixo-estima. Volta para o seu canto que eu vou fazer um novo cartaz e vai ficar bom, você verá".


Com as novas ideias que minha professora tinha passado, comecei a fazer um novo cartaz. Estava determinado a fazer algo bonito e que chamasse, de verdade, a atenção das pessoas. O arquivo precisava estar pronto no outro dia para que a gráfica imprimisse os cartazes e o banner. Fiquei até de madrugada fazendo e, quando terminei, senti uma satisfação enorme. Mostrei-o para as pessoas disponíveis que pudessem criticá-lo e todas só diziam uma palavra: ótimo. E era tudo o que eu queria ouvir da minha coordenadora.

Cartaz da Semana de Comunicação da UFRRJ

Enviei um e-mail para a professora Simone com o cartaz e aguardei a resposta dela. Será que ela iria aprovar desta vez?

Na manhã do outro dia, a resposta estava lá, grande, em CAPS LOCK tamanho 72:

Resposta em e-mail da coordenadora sobre o cartaz

Em uma nova situação, repito o que disse no meio do conto: "ainda quer saber como eu me senti?".


"Baixo-estima, quem é que não conseguiria mesmo?". "É, não consegui desta vez... mas ainda haverá outras oportunidades...". "Pode até ser, mas terei o prazer de mostrar a você que sou capaz, basta acreditar em mim mesmo e me esforçar para vencer mais um desafio!"

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Que este conto sirva para inspirá-lo e fazê-lo acreditar mais em si mesmo. Não dê ouvidos à palavras que só te desanimam e fazem você regredir. Todos temos capacidade, basta confiar!

Obrigado!

Gian Cornachini,
sonhador.

5 comentários:

  1. Você só esquceu de citar as 35 vezes que olhei os modelos e disse : Tá ótimo Gian!

    Você é o cara, meu amigo!

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  2. É, eu fiquei te infernizando bastante. Obrigado por me apoiarem, meus amigos. Vocês são as vozes da "Inspiração" e "Confiança". :)

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  3. Um monte de besteiras isso tudo que você disse. Você é bom, e sabe que é.
    O texto é legal e tal, bem escrito, mas cara... Você sabe muito bem que é bom nisso... Metido!

    Brincadeira!
    Imagino o quanto vocês não trabalharam... Todo o trabalho estava impecável, eu diria.
    Já expressei toda a minha opinião sobre a semana acadêmica, mas não posso negar o trabalho bem feito de vocês (organizadores de verdade, e não servidores de água e café).

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  4. É, Pollyana. Me dediquei bastante à esta parte, pois queria que ficasse bonito. Não posso dizer que foi a melhor coisa e ainda acredito que virão nos ideias, divulgações melhores... Mas, o importante, é a gente se dedicar de verdade e vencer nossos objetivos. Durante a criação de todas as coisas, eu abaixava a cabeça e fala: "meu, eu não vou conseguir fazer nada de legal... Por mais que digam que eu conseguirei, eu não vou conseguir, não estou conseguindo". Se confiarmos em nós mesmos, as coisas mudam. E eu não sou o super autoconfiante não, mas vou aprendendo isto com cada trabalho que faço e que posso dizer que ficou bom. Obrigado pelo carinho, Polly! (:

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  5. fala sério, hein? imagino como vc deve ter se sentido. E digo pra vc que a insegurança faz parte do processo criativo. Os fulanos que se acham demais só servem pra atrapalhar a vida de quem está crescendo. Então, é errando e errando que a gente acerta. Estamos todos no mesmo barco. bjs

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